Acontece em Lisboa
Visita Encenada Palácio de Oeiras

O criado de fora aparece esbaforido junto dos ilustres visitantes que aguardam á entrada para uma visita encenada ao Palácio de Marquês de Pombal, seu amo. No pátio a chuva cai copiosa mas os ponteiros do relógio não param e é hora de entrar, em segredo já se vê, o lacaio age como anfitrião por conta própria, mas ia lá deixar os marqueses do seculo XXI a espera? Mesmo estugando o passo, a molha é inevitável; no nobre vestíbulo destaca-se o elaborado fogão de sala da casa Fourdinois que embora não aqueça transmite de imediato uma sensação de conforto.
O grupo é conduzido a Capela do Solar onde a criada limpa o mobiliário. Perante a assistência inesperada logo ali conta a história do lugar. Desenhada pelo arquitecto húngaro Carlos Mardel com estuques do italiano João Grossi foi dedicada a Nossa Senhora das Mercês.
Como gosta de protagonismo e fala pelos cotovelos a serviçal lá conduz os curiosos a Sala da Concórdia onde tudo trapaceia o que parece realidade, as paredes julgam-se de mármore mas são apenas estuques, no tecto a pintura essa sim retrata a verdadeira amizade que uniu os irmãos Sebastião, Francisco e Paulo.
A visita continua pelos outros compartimentos sempre enfatizando os azulejos e os vários conjuntos decorativos de rara beleza. É claro que sendo um solar de cariz agrícola com vinhas, oliveiras e arvores de fruto não se podia esquecer a vertente produtiva nem, claro está, o famoso vinho de Carcavelos.
Eis que chega o marquês, indignado
-A criada a fazer as honras da casa? Quem mandou?
Mas cedo se esquece do agravo, quer mostrar o seu jardim, a cascata dos poetas, os bustos assentes em colunas que ornamentam o pátio exterior.
Olha pela janela, a chuva não dá tréguas, tem de alterar os planos.
-Os músicos são chamados para tocar dentro de portas.
Sai de cena, sem antes olhar para os visitantes, convidando
-Que fiquem, que fiquem para o sarau.

Sarau Musical