Acontece em Lisboa
O Lugar do Torreão

A praça nobre da cidade de Lisboa, a Praça do Comércio, cujo desenho se diz de traço maçónico com os seus 78 arcos, (56 de ambos lados representando o mundo profano e 22 frontais o mundo iniciático), tem na ponta poente um Torreão com uma longa história para contar.
Construído perto dos estaleiros navais que até finais do sec XV se chamavam de tercenas e mais tarde Ribeira das Naus ladeia a parte ocidental do Terreiro do Paço, espaço amplo que após a vasta destruição causada pelo terramoto de 1755, foi reconstruído sob orientações arquitetónicas que privilegiaram a simetria, razão pela qual, na altura, foi acrescentado um novo torreão na ala nascente.
Se no século XVIII a corte abandonou o Paço da Ribeira para estar longe do mar tal não aconteceu no reinado do D. Manuel que procurou a sua proximidade para melhor controlar o vai vem das caravelas carregadas de especiarias e outras cargas preciosas provenientes do oriente.
E assim começa a história do Torreão com a transição da corte real do Paço da Alcáçova, no sobranceiro Castelo para o Terreiro onde foi mandado construir um novo palácio rematado por uma construção com o aspecto militar de uma torre e características defensivas remanescentes dos antigos castelos.
A sua função militar foi, no entanto de pouca duração, passando, anos depois a fazer parte de dinâmicas domésticas e com o tempo caiu em desuso. O Paço foi recuperado mais tarde, já na dinastia Filipina, com um sóbrio traço clássico mantendo-se, todavia, a grande torre quadrada como remate do palácio.
Na pintura alusiva a visita de Filipe II a Lisboa “Joyeuse Entrée” o destaque dado ao torreão é notório.
Reedificado segunda vez após a sua destruição no grande terramoto de 1755 não voltou a ser o paço da corte que assustada procurou um novo lugar afastado do rio,  deixando o palácio do Terreiro para os ministérios que aí se instalaram. Aquando do Estado Novo foi convertido, desta vez, em gabinetes de vários ministros. Estas e outras histórias são contadas na exposição “O Lugar do Torreão. Imagem de Lisboa” até 13 de Outubro.

Com a vetusta idade de perto de 508 anos o Torreão por duas vezes reconstruído continua a ser uma referência na história de Lisboa.