Acontece em Lisboa
Máscara Ibérica 2018

O Desfile esse ponto alto das Festividades da Máscara Ibérica de 2018 estava programado para as 16h30 de sábado, 19 de Maio, mas por volta da hora sexta, mais conhecida por meio-dia, já a animação agitava o quadrado de chão a volta da monumental fonte luminosa do jardim da Praça do Império; os responsáveis eram o grupo “Toros e Guirrios” que com as suas danças, gaitas e pandeiros atraiam os visitantes que de câmaras em punho tentavam agarrar os fugidios momentos de folguedo.
Bancas com mascaras, produtos artesanais e gastronomia regional polvilhavam de branco o recinto e faziam as delicias dos que se aventuravam na irresistibilidade dos produtos expostos servidos com uma boa dose de simpatia.
Já passava das 13h quando vários autocarros com os foliões começaram a aparecer despejando-os numa enorme tenda amarela provisoriamente montada numa das ruas laterais mesmo em frente a porta sul do Mosteiro dos Jerónimos. O calor abrasador e o tempo seco vaticinavam umas horas difíceis para todos os que com fatos de lãs e cores vibrantes estavam mais preparados para climas frios ou mesmo moderados do que para aqueles em que o mercúrio subia a níveis bem acima das temperaturas primaveris.
Gigantones de Viana do Castelo fizeram a sua primeira aparição nestas andanças. Com os seus 3,5 a 4 m de altura, manuseados por uma pessoa no seu interior e com grandes cabeças de pasta de papel chegando a pesar 30 Kg atrairam as atenções, rivalizando com o zimbório dos Jerónimos dependendo da perspetiva do olhar.
Por volta das 16h00, os vários grupos foram-se posicionando ao longo do asfalto em frente aos claustros do mosteiro, acompanhados pelos bombos de percursão.
Chocalhos para afastar o mal, varas, tesouras de madeira, caretos onde a alusão a dualidade humano/animal era tónica constante, brincavam entre si e com o publico que se apinhava para ver passar o corso. A boa disposição deu as mãos a alegria contagiante numa celebração onde ancestrais rituais pagãos muitas vezes perseguidos por visões dominantes que encontraram nas máscaras e outros adereços uma forma de sobrevivência, reclamaram assim a sua dignidade e lugar na atualidade.
Quando por fim puderam parar era com avidez que despejavam água pelos rostos ruborizados.

E qual é o humano que não enriquece quando percebe que os seus hábitos e cultura não são os únicos nem os mais verdadeiros ou mais autênticos.