Acontece em Lisboa
Festival de Máscara Ibérica 2019
Preparando o Desfile

As sombras ainda brincavam com a luz, desenhando aqui e ali manchas irregulares que escorregavam nas mais diversas superfícies escondendo áreas onde a claridade timidamente brilhava, quando se ouviu o som da gaita de foles misturado com o ribombar da percursão.
Os açoreanos “Urro das Marés” preparavam a sua actuação no recinto e a vibrante música gaiteira, anunciava o início da festa;  os espíritos que se opõem ao erguer do sol e a fertilidade da terra bem podiam estar longe de pensar ter um sábado calmo.
Ao início da tarde começaram a aparecer várias camionetas com os inúmeros convidados muitos vindos do outro lado da raia, afinal tratava-se de um festival de mascarada ibérica, mas as fronteiras foram mais longe e alargaram-se a Hungria, Itália, Colômbia chegando mesmo a Macau.
Dos primeiros a surgir estavam os caretos da lagoa, homens fantasiados com coloridas roupas femininas, camisa branca, saia vermelha até aos joelhos e por cima um avental branco debruado com folhos e bolsos a condizer. As meias coloridas até a altura da barra da saia completavam a indumentária.
Na cabeça armações de grande dimensão com um cone central a servir de carapuça e um arco adornado com fitas. Assim vestidos encarnavam seres sobrenaturais, e não a inversão jocosa de homens em mulheres, normal em época carnavalesca.
Com a chegada dos diferentes grupos assistia-se ao metamorfosear em massa das diversas personagens intervenientes no cortejo.
No meio de tanta algazarra e agitação não valia a pena fazer-se de esquisito, o tempo era mesmo para viver o alegre colorido da farra.
Os mascarados, com chocalhos e bastantes campainhas, suspensas a tiracolo e cruzadas no peito e nas costas, lá foram para o meio do publico conferindo uma dimensão transcendente ao desfile que com o seus modos satíricos e burlescos relembravam o sentido primevo da vida ligada aos ciclos da natureza.