A cantina velha encheu-se na noite de sábado do dia 06 de maio para assitir a actuação do grupo Ultimacto.
De luzes semiapagadas os actores apareciam a vez, espreitavam para o que estava para lá da cortina e acabavam por mergulhar no seu interior. Toda a encenação a fazer lembrar um episodio de cartoon. Seguiu-se um espectacular jogo de luzes, de linguagem gestual e ideias. A aparência e o quanto ela subjuga o mundo moderno foi uma das grandes mensagens.
Num dos excertos escolhidos pelos alunos pode ler-se:
“Na sociedade exposta, cada sujeito se torna o seu próprio objecto de publicidade. O seu valor de exposição é a medida de tudo . A sociedade exposta é uma sociedade pornográfica. Tudo é voltado para fora, descoberto, despojado, despido e exposto……..”  Byung-Chul Han (a sociedade da transparência)

Ou

“O homem não deve poder ver a própria cara. Isso é o que há de mais terrivel. A natureza deu-lhe o dom de não a poder ver, assim como de não poder fitar os próprios olhos. Só na agua dos rios e dos lagos ele podia fitar seu rosto. E a postura, mesmo, que tinha de tomar era simbólica. Tinha de se curvar, de se baixar para cometer a ignomínia de se ver. O criador do espelho envenenou a alma humana “ Bernardo Soares (Livro do Desassossego)

Na tertulia final explicou-se a contribuição e a pesquisa de excertos efectuada por cada um, tendo como esteio moderador o encenador. Todos tinham uma palavra a dizer e todos aprenderam com a partilha.
O publico teve uma experiência inesquecivel porquanto se percebe o que inquieta as novas  gerações.
Livre dos espartilhos comerciais e de padrões estabelecidos o teatro acadêmico permite uma liberdade de ideias própria de quem molda os conhecimentos adquiridos em contexto universitário e quer ter parte activa na sociedade.
A mensagem certa a um publico receptivo pode mudar o mundo, pois é através da comunicação que nos tornamos eternos.
Ecos a peça que os alunos de psicologia apresentaram no Fatal 2017 é a todos os titulos, brilhante.
Não admira portanto que lhe tenha sido concedido o Prémio do FATAL 2017

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