Acontece em Lisboa
Kusama e Warhol: o maior roubo da pop

Sobe o pano imaginário e logo na obscuridade inicial do espectáculo se pressente a presença da imagem de marca D.Mona, que se caracteriza por um vasto e meticuloso trabalho de pesquisa ligando factos, personalidades e historias que à primeira vista parecem improváveis, usando como argamassa uma criatividade elucidada.
Andy Warhol, é um nome que muitos conhecerão pelos seus trabalhos gráficos nomeadamente no quadro com cores vibrantes que retrata Marilyn Monroe, copiou a niponica Kusama no desenho de papel de parede com vacas repetidas até ao infinito sendo essa mesma repetição exaustiva de formas geométricas, acima de tudo círculos que identifica a obra da japonesa. Mas D.Mona quer ir mais longe e inclui entre outras referências ao circulo negro de Malevich,  e viaja ao mundo onírico da cinderela.
Na sinopse lê-se

“Kusama é obsessiva. Roubou o circulo negro de Malevich e repetiu-o compulsivamente. Warhol é hipocondríaco. Espirrou em cores Marilyn Monroe nos outdoors de Nova Iorque Kusama sofre do complexo de Narciso. Falsificou as libras de Inglaterra e timbrou-as com o seu semblante. Warhol está sempre indisposto. Comeu os tomates da sopa Campbell e vomitou-os contra a critica. Kusama é excêntrica, calçou o sapato de Joana Vasconcelos para dar um pontapé no principe encantado. Warhiol é um tanto histriónico. Exagerou a vaca de Marc e imprimiu-a em cor-de-rosa. Kusama é definitivamente impulsiva. Assaltou o closet de Cruella e fez de Grimhilde a sua estilista pessoal. Warhol é psicótico. Copiou o sorriso de Shining e atirou Duchamp e Tzara para a cadeira eléctrica. Kusama e Warhol são … a dupla perfeita. Um quadro. Dois rivais. Várias patologias. Mirror, mirror. Who’s the most famous of them all?
O espectáculo Kusama e Warhol é o maior roubo pop das produções D.Mona, une a história do famoso conto de fadas Cinderela ao universo Pop Art, nas figuras da artista japonesa Yayci Kusama e do artista americano Andy Warhol. Desde uma abóbora que se transforma num trono um velho cavalista que se transforma num criado ou até uma fada padrinho são algumas das imagens e figuras que nos levam numa viagem por um universo real e onírico partindo de um diálogo com o surrealismo passando pela famosa obsessão com os polka-dots de yayoi Kusama, a sua relação conflituosa com Joseph Cornell, a estreita amizade com Donald Judd ou a rivalidade com Andy Warhol. Mas, neste mundo muito pouco encantado a magia termina sempre a meia-noite.

O espectaculo apresenta-se enquanto espectaculo mulbilingue (falado em português, espanhol, inglês e japonês) reivindica o hibridismo enquanto vanguarda num diálogo com o imaginário cinematográfico de Tim Burton e com o conto de Pernault “ a gata borralheira”.

Embrulhado em discurso de cariz surrealista, a representação em palco é uma dança bem concebida entre a utopia e as biografias convencionais de Kusama e Wharhol.
A itinerância pelos diferentes polos habitacionais do pais é mais um argumento de peso para apreciar e aplaudir o empenho, a genialidade interpretativa e as ideias inovadoras e arrojadas dos elementos que fazem parte das produções D.Mona