Fruto de múltiplas influências culturais que envolveram vários povos, entre eles os turcos, persas, bizantinos, mongóis e beduínos a expressão “Arte Islâmica” apareceu assim designada pela primeira vez na década de 1920, embora só se tivesse generalizado, anos depois, após a II Guerra Mundial, assimilando o que antes eram artes de nações e impérios, como sejam, por exemplo a “Arte Persa” e a “Arte Arabe”. Gulbenkian apelidava-a de “Arte Oriental”.
Calouste Sarkis Gulbenkian que em Portugal está intimamente ligado a cultura, ao mecenato e a maior e mais significativa coleção privada de arte, nasceu em março de 1869 em Istambul.
Istambul, dividida entre a Europa e a Asia, é uma das mais importantes cidades do mundo com a sua fabulosa mistura de povos e crenças. Antiga Constantinopla é desde há muito um local de convergência de rotas comerciais, culturais e religiosas.
No edifício sede da Fundação Gulbenkian em Lisboa a exposição “O gosto pela Arte Islâmica” integrada nas comemorações dos 150 anos do nascimento do fundador propõe uma viagem ao oriente através de peças do Museu Gulbenkian (Lisboa), Museu do Louvre (Paris), Metropolitan Museum of Art (Nova Iorque) e Victoria & Albert Museum (Londres).
Logo a entrada o painel de azulejos Alfiz que ornamenta a pórtico de acesso, pertence ao espólio do Museu Nacional de Arte Antiga e provém de uma Mesquita de Damasco, mandada construir por Solimão I entre 1570 – 1580 e adquirido por Gulbenkian.
Na antecâmera que abre para a sala principal o destaque incide sobre uma lâmpada de mesquita do século XVI pertencente ao rei dos Belgas e vendida ao colecionador e filantropo de origem arménia Sarkis Gulbenkian.
Seguem-se cinco núcleos temáticos que convidam a um percurso deslumbrante através de 150 obras exóticas elucidativas do fascínio que o mecenas e empresário tinha pela arte persa, síria e turca.
A enorme tenda de cor verde, utilizada para transporte de personalidades da elite social sobressai pelo seu tamanho e iluminação. Em vitrines fotografias de Istambul da época do período otomano, cerâmicas iznik muito apreciadas no ocidente sendo mesmo nos seculos XIX e XX fonte de inspiração para vários estilos artísticos.
Na última secção as iluminuras são uma tal preciosidade que prendem longamente a atenção do visitante. Os tapetes persas, em seda e trabalhados com milhões de nós, que nos anos 20 eram considerados objectos de grande prestígio fecham a exposição, não sem antes se dar ênfase a um vaso celebre que se baseia no poema sufi “ A Conferência dos Pássaros”.
Neste poema, os pássaros reúnem-se para encontrar um novo líder e, para tal, decidem iniciar uma longa viagem em busca do pássaro mítico Simorgh. Após uma árdua viagem através de sete vales e sete montanhas, as aves veem-se refletidas nas águas de um lago e compreendem então que são elas mesmas o soberano que procuram.
Mas a música é também uma forma de arte extraordinária e a Fundação não a esqueceu.
Vários tem sido as iniciativas de música Arménia que complementam esta exposição.
Uma das melhores formas de acabar o périplo pela arte islâmica é ouvir a voz doce do Duduk, esse instrumento, considerado património imaterial da humanidade pela organização mundial que preserva a arte e que teve na sua génese o russo Roerich um activista dedicado a protecção da beleza, a Unesco.

Ver Artigo Completo