Próximo da capela, no salão nobre do Hospital de Santo António dos Capuchos foi criado o Museu de Dermatologia que contem uma colecção de máscaras de cera com o intuito de documentar tridimensionalmente patologias para fins pedagógicos.
No claustro interno e a ladear a porta de acesso ao museu está o busto de Thomas de Mello Breyner, avô da poetisa Sophia de Mello Breyner.
Em finais do século XIX, Thomas foi convidado para dirigir as consultas de moléstias syphilicas e venereas do Hospital do Desterro.
Pessoa de elegância humanista e preocupação com o próximo, conseguiu que além da consulta externa lhe fosse atribuída a enfermaria de Santa Madalena (a reservada as prostitutas) para poder seguir os doentes que necessitavam de internamento.
Como as verbas para o essencial destes serviços eram manifestamente insuficientes pediu e conseguiu apoio de vários beneméritos , entre eles o Rei D.Carlos que ofereceu o microscópio, mas também os Laboratórios Pasteur e Luís Grandella, entre outros.
Como homem superior que foi preocupava-se com o bem estar dos seus pacientes. Como as estadias podiam ser prolongadas tinha na enfermaria livros em francês para amenizar os dias das meretrizes, (as francesas eram únicas que saberiam ler).
É dele a frase “o ideal de uma assistência inteligente e moderna é fazer com que o pobres, quando doentes, se pareçam o mais possível com os ricos”
A Syphilis era no inicio do século XX um flagelo tão grande porquanto viral, atingindo famílias inteiras e propagando-se para além do foro venereo,  colocou assim a população europeia em serio risco de extinção.
A cura veio com a penicilina mas Thomas Breyner já não a vivenciou.
Mais tarde Sá Penella nomeado em 1930 a assistente dos HCL e promovido a Director em 1933 encomendou mascaras de cera para fins científicos.
A parte do corpo do doente era coberta com uma substância não aderente e depois com gesso para criar o negativo do molde que seria preenchido com ceras em fusão. Para este trabalho foram envolvidos elementos das Belas Artes e funcionários da Vista Alegre a fim reproduzir as cores com o maior realismo possível.
O resultado é extraordinário e faz parte do nosso Património Nacional.
É nossa obrigação preservá-lo.

Um Agradecimento sentido a Dr.Célia Pilão pela sua disponibilidade e gosto em partilhar o seu vasto conhecimento

Bibliografia – Pecados a flor da Pele (biblioteca do Hospital de São José)

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