Acontece em Lisboa
Festa do Japão 2018

Longe vão os tempos em que o Oriente era território interdito aos ocidentais e consequentemente escassas as noticias que chegavam dessas latitudes, razão pela qual a crónica de viagem “Peregrinação” de Fernão Mendes Pinto, embora considerada por muitos exagerada e fantasiosa, fosse um sucesso na Europa da então.

Outro escritor que se estabeleceu no Japão após vida militar na Marinha Portuguesa, Venceslau de Morais, refere-se a Mendes Pinto com o respeito que este lhe merece não deixando, no entanto, de salientar no seu livro “Bon-Odori”, o agigantar das aventuras e peripécias descritas como vividas.
“E agora encrespam-se-me os lábios num sorriso, ao ler as respostas que ele (Fernão Mendes Pinto) deu a certas perguntas que o governador lhe dirigia, quando, por exemplo, afirmou que Portugal era muito maior, em extensão e riquezas, do que era toda a China, ou que o seu rei havia conquistado a maior parte do mundo; e, quanto as casas cheias até aos telhados de oiro e prata, que o rei de Portugal possuía a que a ToKitaka os chineses haviam dito passarem de duas mil, Mendes Pinto deu em troco que não se poderia precisar o numero delas, por ser tamanho o reino e tantos os tesoiros…”.

Venceslau amava o japão e deixou como legado descrições preciosas da vida comum de uma cultura que respeita os elementos como um todo.
“Um solitário japonês saudaria este primor com lágrimas de júbilo nos olhos, votar-lhe-ia horas inteiras de êxtase contemplativo, de jubilosa concentração, de religioso amor, esquecido das lutas e das misérias, que se vão desenrolando por este mundo fora… Onde está o homem loiro, o homem da Europa, ainda mesmo que solitário, capaz de votar a uma flor, fosse ela embora a da camélia do meu jardim minúsculo, tão sentida admiração e tanto amor?
Os japoneses, admiradores por excelência de todos os aspectos da criação, mesmo nos seus detalhes mais miúdos, revelam um gosto estético supremo para ajuizarem da beleza de uma pedra, pequena ou grande”.

Mas os tempos mudaram e os hábitos também, a cultura Japonesa é nos dias de hoje um misto do tradicional com temperos do ocidente.
A festa do Japão que ocorreu aos 16 dias andados do mês de Junho no Parque das Nações foi disso um exemplo.
Todos os visitantes puderam apreciar as demonstrações das ancestrais artes marciais, o desfile de Anime, o encanto da flauta japonesa de César Viana, as danças típicas e muito mais.
Foi uma tarde inesquecível.