Apareceram em fila indiana, os rapazes de sacola e pele morena, com uma atitude determinada e olhar fixo nos blocos de pedra encimados por papéis e por jornais. A primeira vista nem se reparava que no meio estava uma rapariga de lindos olhos, doce sorriso e compleição marota típico de quem quer parecer duro.
O grupo despertava nos passantes, maioritariamente turistas, emoções de perplexidade polvilhada com alguma curiosidade a que se juntava a beleza e o conforto de um tépido e sereno fim de tarde, na qual o sol abandonou sorrateiramente a cena dando lugar a um ambiente tingido de rosa polvilhado com uma fina névoa dourada.
O ardina resgatou o seu carisma do passado e levou estes jovens a flutuar no seu elemento criando estranhas afinidades entre os espectadores, que embora desconhecidos entre si, partilhavam o mesmo deslumbramento e curiosidade, rasgando aqui e ali um sorriso mais aberto.
As profissões de ontem ergueram-se do anonimato dos tempos de hoje e o vendedor de jornais reclamou por alguns momentos a sua presença talvez num esforço inglório para não cair totalmente no esquecimento.
A rapariga lia e os outros liam, a rapariga deitava-se e os outros deitavam também, e era sempre assim uns a seguir aos outros e sempre na mesma ordem, uns a seguir aos outros.
Por fim aos saltos e acrobacias, as figuras diminuíram na distância até desaparecem na totalidade.
O ardina esse ainda apregoou qualquer coisa, qualquer coisa. Será que alguém o ouviu?

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