Logo na antecâmara da exposição se percebe que a visão profana do espelho está fora do discurso narrativo, não são as dissertações sobre o espelho utilitário tão banalizado no nosso quotidiano que se vai explorar nem tão pouco o aspeto pratico ou as leituras planas do mesmos. Percebe-se, isso sim, que se propõe uma viagem ao âmago das crenças enraizadas em cada um e ao longo de vários períodos temporais.

São 69 as obras espalhadas por 5 núcleos temáticos.

1-Quem sou eu?O espelho identitário

2-O espelho alegórico

3-A mulher em frente ao espelho . A projecção do desejo

4-Espelhos que revelam e espelhos que mentem

5-Espelho masculino: Autoretrato e outras experiências.

Mas numero 69 não é ao acaso pois o 6 e o 9 refletem-se mutuamente criando um numero espelho.

Sendo espelho uma palavra de origem latina “speculu” que no dicionário se traduz por superfície altamente polida para produzir reflexão, está longe de se poder definir em poucos caracteres pois é talvez uma das palavras com maior carga simbólica.

Tem poderes alegóricos quando representa a luxuria, a vaidade, a verdade, a soberba…, tem poderes adivinhatórios, quando excede o sentido da visão, exemplo disso o espelho mágico da madrasta da Bela Adormecida; Quem não conhece a célebre pergunta – Espelho meu, Espelho meu.?

Muito ligado ao feminino e ao desejo é a incarnação do paradoxo pois revela identidades e ao mesmo exterioriza as aparências.

Aqui e ali espalhados no percurso expositivo o objecto espelho tem a audácia de revelar o próprio visitante e de o confrontar com a sua própria imagem.

Mas a história não acaba na quinta sala. E em jeito de uma nota a margem acrescenta-se:

Veremos a vida e o nosso eu de verdade quando no seu reflexo virmos um mundo de oportunidades, quando a imagem refletida for o brilho da esperança , e quando os nossos olhos conseguirem, por fim, ver a luz sem condições.

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