É sabido que as vestes condicionam o comportamento do seu portador. Despóticas fica-se com a sensação de serem elas as orientadoras de atitudes e espelho de desejos e aspirações.
Encarnam estatutos e verbalizam a seu jeito estratificações sociais, pois não é verdade que se antigamente os brocados e os materiais delicados estavam associados à realeza nos dias de hoje tentam causar impacto e demonstrar a importância aparente de quem as usa?
E neste círculo de influências as cores não podem ser descuradas, incompleta seria a descrição se se omitisse o vermelho da paixão, o amarelo imperial da riqueza, do divino e claro o violeta da nobreza, do luxo e da ambição.
Quando usadas como caracterização de personagens o seu papel atinge protagonismos que tão bem as veste de importância por serem um dos pontos altos das artes de palco.
Empoleiradas no vazio ou assentes em manequins, as 300 peças de vestuário e adereços da autoria do figurinista António Lagarto deliciaram o visitante que teve a sorte de poder ver na primeira pessoa a exposição “Do Matrix a Bela Adormecida” patente em 2015 no Museu do Design em Lisboa.
Era como se se entrasse nas páginas de um livro de alta costura, profusamente ilustrado que maravilhava tanto pelo delicado e estudado posicionamento das peças para uma eficaz leitura cronológica de épocas como pelas luzes estrategicamente colocadas ora em fundos pretos a evidenciar as cores ora em fundos cremes agrestes a pincelar de elegância os artigos expostos.
Atavios majestosos de artistas ausentes, ao serem assim expostos ficaram despojados da dignidade do movimento e dos cenários para os quais foram concebidos, incidindo o destaque sem qualquer outra distrcção nos materiais e na qualidade do seu corte e confecção.
Eram como inumeráveis fragmentos de um mais vasto e onírico cenário em que contracenavam reis, nobreza, bailarinas, figurantes, estrelas de operetas e teatro, todas convergindo para um todo mais abrangente e único.

Felizes os que a puderam visitar.

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